A compreensão da definição riscos psicossociais é fundamental para que empresas garantam ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. Esses fatores, muitas vezes invisíveis, impactam diretamente na qualidade de vida dos colaboradores e na eficiência operacional. Neste artigo, abordaremos o conceito de riscos psicossociais, apresentaremos exemplos práticos do dia a dia corporativo e discutiremos as principais consequências para organizações que não os controlam adequadamente. Ao final, você entenderá como agir preventivamente, alinhando-se a boas práticas de saúde no trabalho e às recentes exigências legais
1. O que são riscos psicossociais?
1.1 Definição Geral
A expressão “riscos psicossociais” refere-se às condições e fatores presentes no ambiente de trabalho que podem causar danos à saúde mental e ao bem-estar dos colaboradores. Diferentemente dos riscos físicos (ruído, calor, radiação) ou dos riscos químicos (poeiras, gases, substâncias tóxicas), os riscos psicossociais estão relacionados às interações humanas, à organização do trabalho e às características intrínsecas das atividades desempenhadas. A partir da revisão da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), esses riscos ganharam status de obrigatoriedade de gerenciamento, reforçando a necessidade de atenção aos aspectos emocionais no cotidiano corporativo.
1.2 “Definição riscos psicossociais” na legislação
Conforme a nova redação da NR-1, riscos psicossociais são definidos como “condições relacionadas à forma de organização, gestão e aos conteúdos de trabalho que podem causar danos à saúde mental, emocional ou social do trabalhador”. Isso inclui fatores como:
Sobrecarga de trabalho e metas abusivas;
Falta de autonomia e controle sobre as próprias tarefas;
Assédio moral, constrangimento e intimidação por parte de colegas ou lideranças;
Jornada de trabalho inadequada (horas extras constantes, turnos noturnos prolongados);
Falta de suporte organizacional e comunicação deficiente entre equipes;
Insegurança no emprego (ameaça de demissão, terceirizações constantes);
Ambiente de trabalho hostil (conflitos frequentes, discriminação, clima de desconfiança).
Esta alteração torna a definição riscos psicossociais parte integrante do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), exigindo que todas as empresas – independentemente do porte – adotem medidas concretas para identificar, avaliar e controlar esses fatores.
2. Por que é importante entender e controlar os riscos psicossociais?
2.1 Impacto na saúde dos colaboradores
Os efeitos dos riscos psicossociais podem se manifestar de diversas formas:
Transtornos de Ansiedade: cobrança excessiva, pressões por prazos irreais e insegurança constante podem desencadear crises de ansiedade, causando insônia, taquicardia, sudorese e dificuldade de concentração.
Depressão: ambientes de trabalho tóxicos, isolamentos sociais e falta de reconhecimento geram desmotivação e quadros depressivos que comprometem o dia a dia pessoal e profissional.
Síndrome de Burnout: exaustão emocional crônica, desgaste mental e perda de identidade profissional estão diretamente ligados a jornadas intensas sem pausas adequadas. A Organização Mundial da Saúde reconheceu a síndrome de Burnout como um fenômeno ocupacional, enfatizando a relevância de medidas preventivas.
Problemas de Saúde Física Relacionados: dores musculares, cefaleias tensionais, alterações gastrointestinais e aumento de indicadores de doenças cardíacas podem ter origem em altos níveis de estresse constante.
2.2 Consequências para a produtividade
Quando os colaboradores sofrem os impactos dos riscos psicossociais, a empresa enfrenta quedas significativas de produtividade. Funcionários submetidos a estresse crônico tendem a:
Apresentar baixo desempenho e erros frequentes no trabalho;
Faltar com maior assiduidade (absenteísmo por questões emocionais);
Ter motivação reduzida, colaborando menos em projetos e iniciativas coletivas;
Sofrer alterações no ciclo de sono, afetando a capacidade de foco e tomada de decisões;
Buscar alternativas externas (mudanças de emprego, licenças médicas), gerando custos indiretos e turnover elevado.
2.3 Obrigações legais e reputação empresarial
Com a inclusão dos riscos psicossociais na atualização da NR-1, o não cumprimento das exigências pode resultar em:
Multas e autuações: a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) passará a exigir, a partir de maio de 2026, comprovação de mapeamento e ações de controle. Empresas sem documentação adequada podem sofrer penalidades financeiras.
Danos à imagem: denúncias de assédio, casos de afastamentos por transtornos mentais e campanhas de conscientização nas redes sociais podem expor a falta de preocupação com a saúde mental, afetando a marca empregadora e afastando talentos.
Responsabilidade civil: ações judiciais de colaboradores que sofram danos à saúde em função de riscos psicossociais não controlados podem gerar indenizações elevadas e processos que afetam o patrimônio da empresa.
Portanto, não se trata apenas de proteger as pessoas, mas também de preservar a sustentabilidade do negócio. O investimento em saúde no trabalho reflete diretamente na cultura organizacional e na atração de profissionais qualificados.
3. Exemplos de riscos psicossociais no ambiente de trabalho
Para concretizar a definição riscos psicossociais, apresentamos cenários reais ou comuns que ilustram situações que requerem atenção imediata:
3.1 Sobrecarga de tarefas e metas inalcançáveis
Contexto: Uma empresa de tecnologia define que seus desenvolvedores devem concluir módulos de software em prazos muito curtos, sem considerar imprevistos ou erros de qualidade.
Risco psicossocial: Essa pressão por entregas rápidas e metas quase impossíveis gera ansiedade, sensação de incompetência e medo de represálias, pois o colaborador entende que qualquer atraso pode resultar em demissão.
Consequência: Uso de horas extras constantes, exaustão mental, dores físicas (tensão nos ombros e pescoço), queda na qualidade do produto e aumento de turnover.
3.2 Falta de apoio organizacional e comunicação deficiente
Contexto: Em uma fábrica, os líderes não realizam reuniões regulares para alinhar objetivos e não dão feedback sobre o desempenho dos operadores.
Risco psicossocial: Colaboradores se sentem desorientados, não sabem quais metas perseguir, gerando insegurança e alta rotatividade.
Conseqüência: Falta de engajamento, aumento de acidentes de trabalho (decorrente de desatenção), clima de desconfiança e dificuldade para implementar novos processos.
3.3 Assédio moral e bullying corporativo
Contexto: Um coordenador de vendas utiliza tom agressivo, grita com funcionários que não atingem metas e faz comentários depreciativos na frente dos colegas.
Risco psicossocial: O colaborador alvo do assédio desenvolve baixa autoestima, medo de chegar atrasado ou de cometer erros, além de sintomas depressivos.
Consequência: Licença médica por transtorno depressivo, processos trabalhistas por assédio moral, danos à produtividade da equipe e imagem da empresa abalada.
3.4 Jornadas exaustivas e falta de pausas adequadas
Contexto: Escritórios que exigem que os funcionários trabalhem em modelo híbrido, mas não definem limites claros para troca de horários, levando a jornadas de 10 a 12 horas diárias.
Risco psicossocial: O home office se torna um gatilho de sobrecarga, pois a fronteira entre trabalho e vida pessoal se dissolve, gerando insônia e sensação de “sempre conectado”.
Conseqüência: Fadiga mental crônica, problemas familiares (conflitos decorrentes de falta de tempo livre), queda na produtividade e maior índice de reclamações anônimas.
3.5 Insegurança no emprego e terceirizações constantes
Contexto: Indústrias que rotacionam terceirizados a cada seis meses, criando um clima de incerteza e temor de perder o emprego a qualquer momento.
Risco psicossocial: Funcionários terceirizados convivem com a ideia de que não têm estabilidade, gerando estresse permanente, falta de comprometimento e baixa lealdade à empresa principal.
Conseqüência: Baixa retenção de talentos, necessidade constante de recrutamento e treinamento, aumento de custos operacionais e possíveis falhas nos processos produtivos.
4. Principais consequências dos riscos psicossociais para empresas
4.1 Aumento do absenteísmo e presenteísmo
Absenteísmo: Quando colaboradores faltam ao trabalho por motivos de saúde física ou mental. Pesquisas do Ministério da Saúde apontam que transtornos relacionados ao estresse estão entre as principais causas de afastamento.
Presenteísmo: Quando o funcionário comparece ao trabalho mesmo sem condições de exercer suas funções adequadamente, reduzindo sua produtividade e aumentando erros.
Empresas que não atuam preventivamente identificam aumento no número de dias perdidos por funcionários, gerando perda de lucro e atrasos em projetos.
4.2 Queda na produtividade e qualidade do trabalho
Colaboradores sob pressão psicológica têm dificuldade de concentração, cometem mais falhas e demoram mais para executar tarefas. Isso reflete diretamente na qualidade do produto ou serviço entregue ao cliente e compromete metas globais da organização.
4.3 Elevação do turnover e custos de recrutamento
A alta rotatividade (turnover) está frequentemente ligada a ambientes de trabalho estressantes. Substituir um colaborador pode custar de 50% a 200% do salário anual da vaga, dependendo do nível de especialização exigido. Assim, a falta de controle sobre riscos psicossociais leva a custos altos e constantes esforços de contratação.
4.4 Impacto na cultura organizacional
Quando não se gerencia adequadamente fatores psicossociais, o clima dentro da empresa se deteriora. Colaboradores deixam de colaborar entre si, há competição desleal e prolifera a cultura do medo. Como resultado, a inovação estagna e a capacidade de adaptação a mudanças do mercado diminui.
4.5 Riscos legais e financeiros
Além das multas previstas na atualização da NR-1, empresas podem enfrentar processos trabalhistas de colaboradores adoecidos por questões emocionais. A soma de indenizações, multas e custos jurídicos pode gerar passivos financeiros expressivos e comprometer investimentos futuros.
5. Como prevenir e controlar riscos psicossociais
5.1 Diagnóstico e mapeamento de riscos
Uso de questionários padronizados (Escala de Estresse Percebido, Inventário de Sintomas Psicossociais, entre outros).
Entrevistas semiestruturadas com líderes e colaboradores, promovendo escuta ativa e identificação de situações críticas.
Análise de indicadores organizacionais como taxas de absenteísmo, licenças médicas por transtornos mentais e pesquisas de clima.
Ao realizar esse diagnóstico, a empresa obtém panorama real dos riscos psicossociais e já define prioridades para ação. Para facilitar esse processo, conte com a expertise da InFocus Health, que desenvolve diagnósticos preparados para atender a legislação trabalhista.
5.2 Implementação de políticas e procedimentos internos
Após mapear os riscos, é preciso estruturar políticas claras:
Manual de conduta contendo procedimentos de abordagem de conflitos e canais de denúncia.
Normas de jornada e pausas obrigatórias para prevenir sobrecarga e exaustão.
Política de acolhimento psicológico oferecendo suporte presencial ou online, com psicólogos ou parcerias externas.
5.3 Capacitação de lideranças e gestores
Líderes devem ser treinados para:
Reconhecer primeiros sinais de estresse elevado ou comportamento de risco.
Conduzir feedbacks construtivos, evitando críticas destrutivas.
Estimular práticas de comunicação saudável e delegação equilibrada de tarefas.
Esse investimento melhora o relacionamento interpessoal, reduz conflitos e diminui gradativamente a prevalência de riscos psicossociais.
5.4 Programas de bem-estar corporativo
Além de medidas reativas, crie iniciativas preventivas:
Workshops de gestão do estresse e mindfulness para ensinar técnicas de relaxamento e controle emocional.
Atividades de integração (dinâmicas de grupo, eventos sociais) para reforçar o sentimento de pertencimento.
Políticas de flexibilidade (home office parcial, horários flexíveis), desde que acompanhadas de metas claras e acompanhamento de produtividade.
Tais ações colaboram para a construção de uma cultura organizacional positiva, reforçando a importância da saúde no trabalho.
5.5 Monitoramento contínuo e revisão periódica
Coleta regular de dados: Pesquisas de clima semestrais, indicadores de absenteísmo, entrevistas de desligamento.
Reuniões de revisão com comitê interno de SST (Segurança e Saúde no Trabalho) para avaliar métricas e propor ajustes.
Relatórios de progresso que demonstrem redução de riscos e evolução de indicadores, gerando credibilidade em auditorias futuras.
Quando as empresas adotam esse ciclo de melhoria contínua, comprovam aos órgãos fiscalizadores que estão atentos às exigências da NR-1 e se destacam como referência em qualidade de vida ocupacional.
6. Exemplos de boas práticas de prevenção
6.1 Rotatividade inteligente de tarefas
Alterar periodicamente as funções de colaboradores em setores que exigem alta concentração ou exposição a estressores permite que a mente tenha intervalos criativos e reduz a monotonia, diminuindo a sobrecarga mental.
6.2 Padrão de pausas obrigatórias
Implementar políticas que estipulem pausas de 10 a 15 minutos a cada 2 horas de trabalho contínuo, promovendo alongamentos e hidratação. Isso é especialmente relevante para profissões que exigem longos períodos em frente a telas ou em atividades repetitivas.
6.3 Canais de apoio psicológico
Disponibilizar atendimento anônimo via telemedicina ou convênio com clínicas especializadas, onde colaboradores podem buscar suporte sem receio de exposição. Esse sistema deve incluir confidencialidade total e prazos curtos para agendamento.
6.4 Feedback estruturado e comunicação transparente
Realizar reuniões periódicas entre líderes e equipes, com pauta definida, para alinhamento de expectativas. Adotar ferramentas internas (como plataformas de gestão de tarefas) para promover visibilidade sobre o andamento de projetos, evitando sobrecarga indevida.
6.5 Treinamentos regulares de conscientização
Palestras mensais ou trimestrais sobre temas como assédio moral, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e técnicas de relaxamento. Utilizar casos reais (comidentificação anônima) para ilustrar a importância de identificar riscos psicossociais antes que se tornem crises.
7. Benefícios de um ambiente sem riscos psicossociais
Organizações que efetivamente controlam esses fatores colhem benefícios duradouros:
Redução significativa do absenteísmo – Colaboradores que percebem apoio emocional faltam menos, pois se recuperam mais rapidamente de episódios de estresse.
Aumento do engajamento e da motivação – Ambientes psicológicamente seguros incentivam a criatividade, a colaboração e o comprometimento com metas coletivas.
Diminuição de custos com saúde – Menos licenças médicas e afastamentos prolongados por doenças relacionadas ao estresse reduzem gastos com planos de saúde e indenizações.
Melhora da imagem institucional – Empresas reconhecidas por cuidar da saúde mental atraem talentos e fortalecem a marca empregadora.
Conformidade legal e prevenção de multas – Atender às exigências da NR-1 evita sanções financeiras e mantém o negócio em dia com a legislação trabalhista.
Vale destacar que a adoção de boas práticas em saúde no trabalho vai muito além de um mero cumprimento de norma: torna-se vantagem competitiva em mercados cada vez mais voláteis e exigentes.
8. Recursos e referências para aprofundamento
Para quem busca se aprofundar na definição riscos psicossociais e nas diretrizes oficiais, indicamos:
Portaria MTb nº 1.109/2023: Texto completo da nova NR-1, disponível no site do Ministério do Trabalho e Emprego.
Guia de Fatores de Risco Psicossocial: Documento técnico que traz exemplos e orientações práticas para mapeamento.
Manual Técnico da NR-1: Publicação que deve ser concluída até o final de 2024, detalhando procedimentos de implementação e fiscalização.
Publicações acadêmicas: Artigos de revistas científicas de Psicologia do Trabalho que abordam avaliação de stress, Burnout e outras psicopatologias em contextos corporativos.
Além dessas fontes, a InFocus Health mantém um repositório de materiais gratuitos, como checklists e modelos de relatórios de diagnóstico. Visite nossa Home e acesse os recursos disponíveis.
9. Conclusão e Chamada para Ação
Entender a definição riscos psicossociais e implementar estratégias de prevenção não é apenas uma obrigação legal, mas uma forma inteligente de investir na saúde no trabalho e no bem-estar dos colaboradores. Ao reduzir fatores de estresse, assédio e sobrecarga, sua empresa promove:
Maior retenção de talentos;
Aumento da produtividade e qualidade do trabalho;
Diminuição de custos com saúde e treinamentos frequentes;
Cultura organizacional sólida e positiva.
Não deixe para a última hora: a fiscalização da NR-1 torna-se mais rigorosa a partir de maio de 2026. Inicie hoje mesmo o diagnóstico de riscos psicossociais na sua organização com a InFocus Health, especialista em programas de saúde mental corporativa.
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